A SpaceX lançou nesta segunda (11) a segunda frota de seus satélites Starlink. Mais 60 satélites foram enviados para a órbita terrestre a bordo de um foguete Falcon 9, apenas seis meses depois do lançamento das primeiras 60 unidades. A ideia é que o projeto conte com pelo menos 12 mil unidades, mas é possível que esse número suba para 42 mil, tudo para fornecer internet de alta velocidade a toda a extensão do planeta.
Astrônomos, no entanto, seguem preocupados com a quantidade de novos satélites na órbita do planeta, e aguardam para saber se essa nova leva de satélites vai afetar suas observações do céu com os instrumentos atualmente utlizados pela comunidade científica. Musk, no entanto, já chegou a dar declaraçõestentando tranquilizar os cientistas, dizendo que o brilho de sua constelação de satélites não afetaria as atividades dos astrônomos. Mas o astrofísico Jonathan McDowell, do Centro de Astrofísica Harvard-Smithsonian, optou por verificar por conta própria.
Em um e-mail enviado a astrônomos amadores, McDowell pediu que os colegas observassem com atenção se os satélites da SapceX teriam brilho forte o suficiente para atrapalhar a observação do céu noturno. Tais observações, feitas desde julho, ainda não têm uma conclusão final, mas já mostram que há, sim, alguma interferência.
“A resposta final é que você pode ver essas coisas de maneira consistente”, disse o astrofísico. O monitoramento feito regularmente levou em consideração magnitudes entre 4 e 7, brilhante o bastante para se ver a olho nu, e a expectativa é que a visibilidade piore conforme mais satélites sejam lançados à órbita terrestre. "Não será apenas uma interferência ocasional, será contínua”, conclui.
Ainda em maio, Musk anunciou que havia pedido à equipe do projeto Starlink que reduzisse a reflexão de luz nos satélites, mas não entrou em detalhes sobre a maneira como isso poderia ser feito e nem se as mudanças já valeriam para essa segunda leva. MacDowell, portanto, aguardava este novo lançamento para seguir com seus estudos.
“Só o que podemos fazer agora é seguir com o que está lá em cima. E o que colocamos lá em cima são satélites muito brilhantes; se você tiver milhares, representaria uma mudança séria no céu noturno”, reclamou o astrofísico, que ainda deixou claro que seu estudo não é uma perseguição pessoal à SpaceX. “Toda essa nova nova escala de industrialização espacial significa que é um problema que teremos de nos preocupar, e, de fato, devíamos estar preocupados há uma década”, salientou. “Não estou tentando dizer que não podemos fazer megaconstelações. Mas fazer isso em fases, avaliar o grau de poluição de luz, e gerenciar como um recurso”, opinia.
Para o astrofísico, está na hora de os astrônomos começarem a levar a sério a questão. “Agora temos lidar com os impactos [dessa era espacial] na astronomia baseada no solo”, concluiu.
Fonte: Space.com (1) e (2)