Diretores da Secretaria Estadual de Saúde (Sesa), além de secretários de outras pastas do governo estadual, foram chamados para uma reunião de emergência no Palácio Iguaçu, na noite desta quinta-feira (25). Conforme apuração do repórter Eduardo Scola, da Ric Record TV, e do produtor Gabriel Azevedo, da rádio Jovem Pan, um dos assuntos em pauta seria a possibilidade de um lockdown no Paraná, já que o avanço do novo coronavírus no Estado está deixando a situação crítica em muitas cidades e hospitais.
Atualização às 22h: O governador Ratinho Júnior, e o secretário de saúde, Beto Preto, atenderão a imprensa em coletiva nesta sexta-feira (26), às 11h, para anunciar novas medidas de enfrentamento à pandemia. Não adiantaram se haverá ou não um lockdown. As medidas só serão divulgadas na coletiva.
Na noite de quarta (24), os pronto atendimentos dos três maiores hospitais da capital – Hospital Evangélico Mackenzie, Cajuru e Trabalhador – fecharam e não conseguiam mais absorver novos pacientes (de todos os problemas de saúde, não só COVID). Não havia leitos disponíveis. Houve fila de ambulâncias no Hospital do Trabalhador e até mesmo vítimas de acidentes de trânsito precisaram ficar um tempo do lado de fora, aguardando algum encaminhamento. E a situação não é só na capital. O Hospital Universitário de Londrina também fechou o pronto atendimento por duas vezes esta semana, por causa da lotação.
Além da saturação dos pronto atendimentos gerais, as UTIs SUS exclusivas COVID-19 chegaram ao maior índice de lotação desde o começo da pandemia. No boletim da Sesa desta quinta-feira (25), o Paraná estava com 94% de lotação das UTIs. A região oeste é a que mais preocupa, onde a lotação chegou a 95%. Das 158 UTIs adulto existentes, somente 12 estavam disponíveis a tarde.
Mas não significa que outras regiões do estado também não estão em atenção. A macroregião leste está com 94% de ocupação, a noroeste com 92% e a norte com 91%.
Nova variante do coronavírus
A má notícia é que a nova variante do coronavírus, detectada no Brasil no mês passado, já é considerada de transmissão comunitária no Paraná. A situação está tão crítica que os Ministérios Públicos Federal, do Trabalho, do Estado e as Defensorias Públicas da União e do Estado encaminharam recomendação conjunta ao Governo do Paraná de que tome ações imediatas para conter o avanço da pandemia no Estado. Tais recomendações teriam motivado a reunião de emergência no Palácio Iguaçu.
Entre as recomendações imediatas estão a suspensão das cirurgias eletivas, para garantir medicação aos internados por coronavírus em UTIs, a facilitação de transferências de pacientes para locais onde há leitos vagos, a proibição de eventos de qualquer natureza que resultem em aglomerações, além da aceleração da compra de vacinas pelo governo estadual. E mais para frente, os órgãos ainda defendem que o Estado solicite o ressarcimento dos custos com a imunização ao governo federal.
Curitiba quer lockdown em toda a RMC
“Houve uma avalanche de procura nas UPAs. Nas unidades de saúde mais que dobrou o número de casos sintomáticos respiratórios. Estamos a beira do colapso, a um passo de uma situação muito grave”, disse secretária municipal de saúde de Curitiba, Márcia Huçulak, ao repórter Eduardo Scola, na tarde desta quinta-feira.
Huçulak comentou que o aumento dos internamentos na capital, nos últimos dois dias, não são resultado somente da nova variante do coronavírus, mas também o comportamento das pessoas no Carnaval, que inadvertidamente viajaram e se aglomeraram.
No maior hospital público do Paraná, o Hospital de Clínicas, o número de internamentos impressionou. Os 110 leitos de UTI e enfermarias estavam lotados nesta quinta-feira. 50 novos pacientes procuraram a casa de saúde nos últimos dois dias. Por causa da demanda, o hospital está abrindo mais 34 novos leitos exclusivos COVID e receberá mais 20 novos médicos. Assim, chega ao limite físico e humano que tem no atendimento à COVID-19, que é de 144 leitos.
Desta forma, Huçulak defendeu um lockdown conjunto com toda a região metropolitana de Curitiba. “Não adianta só a capital fazer lockdown e a RMC não fazer. As pessoas tem que entender que mesmo tendo leitos de UTI, as pessoas vão continuar morrendo de COVID. O que temos que diminuir é o contágio. Esta nova variante do coronavírus tem uma característica. Ela tem maior transmissibilidade e infectividade. Os casos são muito mais agressivos que foram ano passado”, alertou Huçulak.
Caos em toda a região sul
A situação está ficando caótica em todo o Sul do Brasil. No Rio Grande do Sul, várias cidades decretaram lockdown. E em Santa Catarina, não há mais UTIs disponíveis em várias cidades, como por exemplo Florianópolis e Xanxerê. Esta última, tem 30 pessoas na fila por uma UTI.